sábado, 5 de abril de 2014

Ah, pisciano!

A noite estava quente apesar das nuvens escuras no céu, a lua se escondia na sua grandeza, mas mesmo assim agradável. Era a primeira vez que fui para aquele bar, a primeira vez que o via, a primeira vez que eu estava numa mesa conhecendo pessoas novas. Muitas primeiras vezes para uma noite, mas mesmo assim, agradável. Sorrisos estavam largos e soltos naquela mesa, a cerveja servida em três copos e ele bebendo da minha, decidi ficar sóbria para observá-lo melhor.
Sua pele era branca ou um pouco mais morena, não sei, talvez a luz da rua atrapalhasse esta minha observação, mas seu tom de pele era diferente do meu. Ele tinha um sorriso metálico que me surpreendia, não tinha um corpo definido, mas era magro, não muito, não conseguiria vê-lo de outro modo, era desprendido de qualquer rótulo ou esquisitice da sociedade "moderna", sua autenticidade era o que me encantava, seus olhos pequenos e escuros brilhavam enquanto fotografava (mentalmente) as pessoas no bar do outro lado da rua, "ah se eu tivesse com a minha câmera" era o que ele dizia, ora, ele deveria andar com ela então, parecia nu sem sua máquina de congelar momentos e ele falava com paixão sobre a fotografia. Estava nitidamente "alto" e falante, um tanto agitado me fazendo ficar mais quieta e observá-lo mais, assuntos foram jogados foras junto com os cigarros que fumávamos fazendo companhia um ao outro.
Apesar de toda a minha timidez, a qual ele notou, eu tentava me manter falante também e participativa. Ele preocupado com a primeira impressão que eu teria dele, mas se esqueceu que eu já tinha tido uma ao falarmos no telefone e por ele nunca se esconder (mesmo me conhecendo a dias) me deixava mais tranquila. Eu não queria uma imagem de garoto certinho e gentil ao extremo para perder toda essa criação com o tempo, fiquei feliz por ele ser autentico e honesto, não poderia ter impressão melhor.
A chuva estava forte e parecia estragar nossa noite, desta vez seria somente nós dois e mais ninguém e isso me deixou nervosa. Como agir? O que falar? Coração acelerava e eu tentava manter a respiração normal, é ele, não tem porque ficar assim. E quando ele chegou com toda a sua alegria e espontaneidade eu senti meu corpo mais leve, tudo o que eu queria era assistir ele falar e como ele fala! Fala pelos cotovelos, ainda mais se estiver "alto"! Mas eu realmente gostava. Suas mãos pendiam na minha cintura e seus pequeninos olhos me encaravam. Tínhamos uma vantagem por sermos piscianos, sabíamos o que fazer, onde tocar, como beijar. Ele me desarmava, mas eu não deixava transparecer, preferíamos deixar nossos conflitos para nós mesmos.
Já era outra noite, outro bar, outra bebida (e desta vez eu o acompanhei), outros risos, mas tudo com a mesma leveza, com a mesma alegria! Desta vez estava chovendo, mas nada que fosse capaz de estragá-la, éramos bons em simplesmente sentar, pegar um cigarro e conversar. Falar, falar e falar, da vida, do trabalho, do tempo, tudo. Ele sempre era o mais falante, o mais agitado e era exatamente isso que eu gostava, eu prestava atenção em cada movimento e parecia que a minha mente congelava para que eu pudesse me lembrar depois. Andávamos lado a lado (não andávamos de mãos dadas como a maioria dos casais(apesar de não sermos um casal, quer dizer, estamos nos conhecendo ainda) mas era bom do mesmo jeito), sorrindo e sempre conversando, estávamos um tanto sem rumo, de bar em bar até achar o certo.
Tequila, tequila!! O garçom nos serviu, eu olhei e totalmente sem graça já sabia que não conseguiria beber de uma vez só, então fui ao meu modo e foi bom do mesmo jeito. Já ele, sortudo como sempre, além da dose normal, o garçom voltou para completar o copo dele, sem pagar a mais por isso. Ora, como pode isso?! Parecia uma criança ganhando presente no Natal. Conversamos por mais um tempo, ele pegou mais um cigarro e foi para a beira da rua me levando consigo. Ele não parava de falar, nem por um momento, espera exceto para me beijar. Por fim, voltamos a andar até chegarmos num aglomerado de bar com restaurante de fast food por perto, acho que este será o nosso lugar. Nosso primeiro encontro foi neste lugar, o segundo encontro terminou ali também, o que acontecerá no terceiro? Para ser bem sincera, o local era o que pouco importava, contanto que eu pudesse conversar e observá-lo por mais um tempo, estava ótimo. A noite termina em quase sempre ele me expulsando, piscianos são tão preocupados, deveriam relaxar mais ora.
Não consegui achar uma música que definisse ele ou que me lembrasse ou que se encaixasse, acho que está muito cedo para isto também. Com um gosto musical parecido e compartilhando o mesmo signo, creio que isso não será difícil, nem a música e nem muitas outras coisas. Ouvir reggae me lembrará ele a partir de agora, vem até uma sensação diferente e um sorriso feliz. Por vezes esqueço da sua voz, não é por mal, mas é que ficamos tanto tempo sem nos falar, somente trocando mensagem que isso se desfaz da minha mente, mas a sensação boa com que ele consegue preencher é inesquecível, isso não se apaga. Então por hoje não haverá música, mas o meu reggae aqui está bom demais!

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