segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

I'm gonna make this place your home


Você pode ler ao som de Home - Phillip Phillips: http://www.youtube.com/watch?v=HoRkntoHkIE


Inúmeras cartas foram escritas e rasgadas, escritas e apagadas da mente, escritas e queimadas no caldeirão. Mas esta você tomará conhecimento, até porque muito do que foi escrito você já ouviu. Não será novidade alguma, mas o que custa? Parece que o peito vai explodir se as palavras continuarem guardadas. Ela se debruça sobre a mureta com lápis e caderno em mãos, prontos para o trabalho. Então, liberte-as.




Q.

Se todos os seus planos se realizassem, quem você vê ao seu lado? Complicado começar assim não é? Eu sei, imagina pra mim agora. É bem pior, pois se caminhar já é algo complicado pense em como é caminhar por um lugar desconhecido. Se eu estiver segurando em sua mão, estará tudo bem, você sempre me trouxe paz apesar de turbulência também. Você parece escapar por entre os meus dedos, como areia e isso me desespera, como se o mar tivesse tirando você de mim por algum motivo não muito aparente. Mas quando sinto você firme comigo, eu faço de tudo para espantar os demônios e os receios, pois quero vê-lo de pé, sem balançar. Apesar de eu ser uma desesperada, peço que você não se desespere.
Eu sei às vezes isso tudo deve fazer uma pequena pressão em sua mente, mas a minha luta de todo o dia é para ver-te de pé, a minha espera é para te ouvir dizer as coisas que a muito tempo eu gostaria de ouvir e você sabe. Também sabe que eu não conseguirei ter ninguém enquanto existir você. Tudo o que eu mais quero é fazer deste lugar o seu lar. Você não iria acertar em metade das coisas que quero ouvir e se surpreenderia com o que tenho em mente.
Você é o melhor parceiro, cúmplice, amigo que eu poderia ter, então porque não posso ter um pouco mais? Sim, estou parecendo impaciente, mas entenda também o meu lado. Eu sei o quanto é difícil para você, sei bem disso, até porque passei pelo mesmo e o motivo era você. Acho que você entenderá quando eu disser que quero por você em uma bolha, pois assim não corro risco de ter que te dividir de novo. Pois isso é a última coisa que quero e se chegar a isso, prefiro não ter mais. Desculpe.
Eu só queria que você se segurasse em mim enquanto o caminho estiver desconhecido, eu só queria ser... seu lar.

Com amor, E.”





Os cachos já estavam presos e no papel havia manchas úmidas das lágrimas que ainda escorriam pelo seu rosto. Porém, mesmo ela sabendo era masoquismo, esse pouco que ela tinha a fazia feliz e sim, a enchia de esperança e fazia com que sua mente fosse além.















Just know you're not alone, cause I'm going to make this place your home ♪

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Put your records on


When you gonna realize, that you don't even have to try any longer? Do what you want to ♪




Você pode curtir um pouco com música: http://www.youtube.com/watch?v=wkEeNpWMvgk


É que eu tenho essa coisa estranha com música e fotos e memórias e lugares
Fazem com que eu me sinta feliz ou triste, nostálgica e viva.
Porque eu tenho essa coisa estranha com pessoas e animais e natureza e céu e universo
Fazem com que eu me sinta pequenina e insignificante, grande e produtiva.
É que eu tenho essa coisa estranha com cheiros e superfícies e água e terra
Fazem com que eu sinta e viva o passado, presente e o futuro.
É que eu tenho essa coisa estranha com o mundo.

E gosto, se quer saber.


sábado, 16 de novembro de 2013

Pra você guardei o amor

Já passava da meia noite quando o telefone toca. Acordei assustada,
mas não era nada, era ele dizendo que estava bem e por esse momento
que eu fiquei ouvindo a voz dele, tentei fazer algumas palhaçadas para tentar arrancar um sorriso, meu coração foi apertando porque queria tirar aquela dor de dentro dele e torná-lo leve novamente.

- Aparece na janela! - Ele disse.
- Está brincando né? – Eu perdi o sono totalmente.
- Eu tinha prometido, aparece na janela! - Ele insistiu.

Mesmo eu vendo, não conseguia acreditar. Era 01h30min da manhã e ele estava ali em pé na porta da minha casa. E naquele momento eu percebi o que ele ainda não enxergava, eu notei tudo o que eu sempre quis pra mim e o que eu sempre quis saber.  Eu me perguntava como os casamentos duravam como os namoros duravam tanto tempo e naquela noite eu percebi que mesmo com qualquer confusão, mesmo que tudo tentasse nos afastar, tem algo que berra incansavelmente pedindo para ficarmos juntos. Talvez seja doentio, talvez seja loucura, mas eu prefiro viver nisso a viver no “talvez”. Eu não sirvo para isso.

Certas perguntas na minha mente se solucionaram, não precisei que ninguém me explicasse, estava tudo bem ali na minha frente, bem na minha frente, na varanda do meu quarto de pé a me olhar. Não parecia real, eu me sentia transbordar. Ele sempre fazia isso, éramos completos separados e juntos... Simplesmente transbordávamos.


Ele me olhava com aquele ar de bobo que só ele tem. Conversávamos sem troca de palavras, o nosso modo preferido de comunicação. Talvez eu seja compreensível demais, mas o que compartilho neste momento é algo que eu nunca soube dar ou talvez não quisesse, tendo em vista que faço isso no momento certo. Eu aprendo, eu erro, eu mostro o que nunca pensei que seria e ele acolhe, colorindo e escrevendo mais uma página.

Acabei me descobrindo ao tentar mostrar para ele o porquê de tudo aquilo, um jeito meu, pois o que eu via nele nem ele próprio notava, mesmo tentando por vezes me afastar com o argumento de que é para o meu bem ou que ele está me fazendo mal. Ele não entende como é gostoso sentir o coração vibrar só de sentir aquele olhar ou quando suas mãos seguram meu rosto me forçando a encarar seus fortes olhos que me enlaçam, ele não entende que eu vou continuar aqui por ele.

Eu aprendi somente um tipo amor, vivenciei durante 21 anos isso. Eu tive e agora quero compartilhar livre, sem medo, construir algo, mas isso já é grandioso demais. Então penso no primeiro passo, que já foi dado, não tenhamos pressa, não há motivos, não depois de esperar tanto tempo.


E quando me lembro do dia em que ele simplesmente deixou minhas lágrimas escorrem enquanto ouvia as minhas saudades, meus lamentos sem me julgar ou questionar, me lembro de seus braços envolta de mim quase dizendo que eu podia me deixar cair porque ele estava ali me segurando. Companheirismo sem fim. E volto para o quarto onde sussurrávamos para que ninguém nos ouvisse. Já eram 03h30min e ele precisava ir, mas não antes de dizer sem medo, sem peso o que já sabíamos um do outro.


Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo os meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Tudo o que eu falei dormindo

E toda noite ela ficava lá, deitada na cama como de costume, como de costume quando dormia com ele, sempre para o lado esquerdo e isso a fazia ficar virada para a janela que sempre deixava aberta na esperança de ele surgir algum dia e surpreendê-la em alguma noite. Ela não esqueceu sua voz ao dizer que seria louco o suficiente para isso e ela só consegue pensar em tudo o que passaram, juntos e separados, tudo o que conseguiu notar foi que em todas as suas decisões ele estava ciente, aconselhando-a, dando bronca se necessário. Ele sempre esteve lá para ela, por ela e com ela. Por vezes ela sente que ele lhe escapa pelos dedos quando no segundo anterior estava segurando suas mãos e seu coração vibrava por isso.

- Seu olhar está diferente!
- Diferente como?
- Diferente.
- Isso é bom ou ruim?
- Bom.
- É só o modo que eu sempre quis olhar!

Os olhos continuavam paralisados, tinham conversas longas e demoradas sem dizer uma só palavra. Era o momento preferido dela, pois ela só queria estar ali parada por um tempo e nos braços dele. Quando ele a segurava pela mão ela sentia o peso do mundo, e por mais que ela tentasse negar para si mesma, ela sabia, ele tinha se tornado muita coisa para ela. Ora, basta olhar, os olhos dela brilham ao falar dele, cheira a própria pele para ter certeza que está com o perfume dele e ela não se importa de não gostarem das mesmas bandas de rock ou do mesmo tipo de música, mas adora ouvir o que ele tem a dizer e adora a cara de perdido dele quando ela começa a falar das suas coisas e principalmente adora quando ele olha para ela e percebe o brilho, o carinho, zelo, a liberdade.
Ela não precisava que ele dissesse "te amo", nunca precisou. Ele sempre disse com os olhos, com os gestos e agora ela sentia que estava exposta. Ele sempre foi capaz de ver além do que ela podia e por vezes tentava manipular essas pequenas coisas na mente dele, pois não queria mostrar muito, mas isso mudou quando ele simplesmente disse "deixa rolar" e ela se entregou como nunca antes. Não se arrepende e sabe que deixou pessoas magoadas e que são legais para trás, ela trocou tudo o que poderia por ele, porque ele é o combustível da sua vida agora e sabe que sem ele perderá o rumo, mesmo que por uns instantes.
É, ela sabe que vai magoar uma pessoa, mas todos nós já fomos magoados antes e sobrevivemos, parece que não iremos, mas vamos. Ela sabe, mas infelizmente ela não consegue pensar na outra pessoa, não por não gostar ou por ser egoísta, mas sim, porque ela só quer ser feliz e principalmente vê-lo feliz e por mais que ela tivesse perdoado, é difícil para ela esquecer, ela bem que tentou, mas aquele episódio criou uma barreira bem grande e forte.
Ela não precisa de declarações de amor públicas, flores ou presentes todo mês. Ela só precisa se sentir amada e segura, livre e presa, de um lar, de um abraço depois de um dia difícil no trabalho. Ela não dirá "te amo", não por não ser verdade, mas por sempre se sentir envergonhada como se tivesse 15 anos novamente e ela prefere muito mais demonstrar, cuidar dele e estar ali para ele, sendo seu porto seguro do que dizer "te amo". Porque ele sabe. Sempre estarão ali um para o outro e eles encontram paz nisso, num simples abraço faz com que tudo volte para o lugar e o coração fica mais tranquilo.
Ela teme que nunca seja aquilo que ele deseja, ela não se vê do modo como ele diz e isso faz com que ela queira sempre melhorar pra ele, por ele e com ele. E mesmo quando tudo parece estranho entre eles, estão juntos, respeitando o espaço um do outro. E mais uma vez ela para e analisa todo aquele tempo e fica impressionada com o seu crescimento. Aprendeu a ser muito mais ela e não o que gostariam que fosse, aprendeu o respeito e a cumplicidade, lealdade. Aprendeu que ela tem um lugar caso tudo dê errado e esteja de cabeça para baixo. Aprendeu a ficar mais tranquila e a ouvir a voz que por vezes aparece na sua cabeça para sussurrar algo.
Ela gosta das diferenças e das manias iguais, ela gosta como ele se veste e como anda (mesmo que pareça um bobo), ela gosta dos seus cachos caindo em seu rosto e de como ele a segura. Ela gosta do jeito que ele cuida dela e de como ele a salva do escuro ou dos seus pesadelos, ela gosta da liberdade que ele dá até para queimar o frango quando tenta fazer o jantar e a liberdade de contar todas as suas experiências se tornando o maior confidente. Ela o ama por fazê-la se sentir assim todo o tempo e por ser quem é. Ela não precisa de mais, ele é suficiente.





E tudo o que eu falei dormindo
Eu sempre quis dizer de dia
Invento artifícios para nunca te perder
Eu não vou te perder... ♪

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

De onde vem a calma



É ruim ouvir a voz dele te dizendo tudo o que você não quer e tudo o que você mais ama ouvir. As lágrimas são incontroláveis e descem quentes, rasgando o rosto e você tem que se lembrar que a dor não é física apesar de toda a semelhança, você passa a se sentir a pessoa mais louca do mundo porque surgem diálogos e todas aquelas cenas e vozes na sua mente. Então, começa a melodia daquela música e ela vem violenta, pergunta como estou e ainda me chama de amigo, sua voz me diz que estará comigo esta noite para que eu possa dormir melhor. 
Ah, aquela música em que você era o meu clone, mas que parecia que tinha perdido e eu não sabia o que fazer, tudo era confuso demais então, faço o que tenho de melhor: afasto pessoas, uso outras e brigo com mais tantas outras só pra poder esquecer, pra distrair, quase uma brincadeira. Mais da metade nem imagina o que está acontecendo. Não queria mencionar, mas a nossa vida se perdeu no meio desse turbilhão de sentimentos, literalmente.
Saber o que queremos não significa conquistar o que desejamos, mas é o primeiro passo. Ao mesmo tempo que está aqui também está lá, mesmo estando comigo, nossa vida está cinza... perdida. Mas quando me liga parece que tudo toma rumo e no final de cada ligação parece que tudo termina mais perdido do que antes. Deixei o frasco do perfume que você mais gosta cair, mas não quebrou.





Olha esse sorriso tão indeciso, tá se exibindo pra solidão.
Não vão embora daqui, eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão ♪

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Azedume


E toda noite é o mesmo inferno, correndo pela floresta e enxergando somente a terra, as raízes passarem pelos meus pés enquanto corro, sem rumo. Só corro. Até que ponto é errado usar as pessoas para que possamos ficar bem? Até que ponto podemos fazer isso sem magoar o outro?  E eles não notam porque sou tão amável que mal poderiam dizer que estou usando eles para que eu me erga. Como podem notar? Sou tão boa em mentir... E eles não têm ideia do inferno que está a minha mente. As palavras se repetindo, as cenas é um verdadeiro carnaval na minha mente. Toda noite é este inferno e eu não tenho um cigarro ou hidropônica para aliviar esse tormento, nem mesmo um vinho.

Algumas dores nos dão força, motivo para continuar a vida e outras simplesmente sugam toda e qualquer força e vontade, mas fazem com que venham palavras e coisas na sua mente fazendo você enlouquecer, pois não consegue parar. Então, estou eu correndo novamente pela floresta, mas continuo vendo somente o chão, a terra, as raízes, as folhas.  Só me deixe aqui imóvel em minha cama, sufocando os gritos e molhando meu travesseiro, meus olhos estão ardendo demais e isso parece não ter cura, mas não se preocupe isto iria acontecer de qualquer forma, estávamos fadados a este fim, exatamente a este.

O sono demora a vir quando fecho meus olhos e me vejo correndo, palavras passando repetindo que ele nunca foi meu em nenhum momento, nem por um segundo e eu esquecia isso por vezes e veja como estou quebrada, fraca procurando por algo que não me faça afundar mais, por motivos que me façam levantar com um sorriso verdadeiro para que eu possa ser verdadeira com outras pessoas. Dê-me meu cigarro e meu copo com a bebida mais quente que tiver em seu estoque, só preciso disto esta noite.

“A dor não é de verdade, não enlouqueça” – Repito isso centenas de vezes, mas é impossível de ser controlada, então deixei que a água caísse sobre meu  corpo e me deixei ficar ali parada, sentada, procurando por algo e então as lágrimas vieram fortes, cortando meu rosto apesar da água estar fria e me senti pequenina, me encolhi e por vezes prendia a respiração na esperança  de fazer aquilo parar, mas nada parece funcionar então só continuo ali por  mais um tempo. Eu tinha uma noite para enfrentar ainda e pesadelos para confrontar.

 

 

Se hoje sem você eu sofro tanto, tens no meu pranto a certeza de um amor ♪

domingo, 8 de setembro de 2013

Make you smile


E tem sempre que se lembrar de que a dor não é física, é só uma reação louca do seu cérebro fazendo você acreditar que algo está dilacerando você. E no meio desse turbilhão ele vem, sem saber do que acontece em minha mente, mas ele vem 1,97m, o sorriso de menino que me tira o folego e aquela inocência que tanto me encanta, a sua tranquilidade perante os problemas é impressionante, de verdade.

Ele caminha devagar, vem na minha direção e eu inutilmente tento esconder todo o meu nervosismo com as mãos no bolso. Ele se aproxima e a única coisa que consigo fazer é esticar meus braços para finalmente abraça-lo. Ah, eu me lembro da primeira vez que senti seu abraço... Estava escuro, a luz piscava em várias cores diferentes, a música estava alta e ele estava lá com seu grupo de amigos conversando de costas para mim, mas eu já tinha passado por ele a caminho do bar e na volta  também umas duas ou três ou quatro vezes. Quando ele finalmente falou comigo, tudo o que eu conseguia ouvir era sua voz e como eu ria, bateu um desespero, mas ele estava me abraçando então estava tudo bem. Eu já estava um pouco bêbada e mesmo assim escrevo meu nome em seu telefone, não muito confiante de que ele fosse me procurar depois. E não é que ele procurou.

Por milésimos de segundo naquela noite, eu senti seu abraço de novo. Tínhamos que escolher um lugar para comer e eu fiquei aliviada por não ter nenhum tipo de pressão nem todas aquelas coisas que vinham junto com encontros. - Mas confesso que entrei em pânico para escolher a roupa, não ria, ah não ria, sou mulher, esperava o que? – Subway, foi o local que escolhemos após andar um pouco e eu obviamente quase enlouqueci porque eu nunca tinha comido neste lugar e como odiei ser chata pra comer, mas decidi que não ia ficar de bobeira naquela noite.

Sentamo-nos e eu não fazia ideia do que poderia falar e fiquei contente por ele assumir essa parte. Claro que eu também falei algumas coisas, contei outras, mas estava preferindo ouvi-lo e vê-lo, ele me fazia sorrir e dizem que quem te faz sorrir é porque te faz bem. E ele faz. Ficamos ali gastando o tempo e conversando, as horas se passaram e o lugar já estava vazio e fechando, vimos que era hora de irmos embora. Voltamos a caminhar pela rua, sempre conversando e eu como sempre rindo bastante.

Estávamos parados cada um na sua, nenhum dos dois ousava se tocar e eu sem saber o que se passava em sua mente. Meu ônibus passou por diversas vezes e eu não saia do lugar, continuava conversando com ele, pois ali estava melhor, eu não tinha “dor de cabeça”, era só eu e ele. Em meio a uma brincadeira, ele finalmente me abraçou e eu não consegui soltar, logo fui tomada por uma sensação que de inicio não pude compreender. Lembro bem de como seus olhos brilhavam, cheios de vida e eu me sentia um tanto presa a esses olhos, não enxergando mais ninguém a nossa volta e o ônibus continuava passando, mas eu não queria sair dali.

Gostava dos braços dele me envolvendo pela cintura e me puxando para si com toda a sua delicadeza, ali parecia mais seguro e estável, me pareceu não ter complicações e ser algo totalmente simples e tranquilo, essa sensação vem sempre que me lembro de seu abraço.
 
 
If I could, I'd only want to make you smile
If you would stay with me a  while ♪

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Tuesday's Gone



A taça de vinho derrubada, as mãos estendidas esperando por socorro e os olhos molhados imóveis. A pele já estava fria quando chegaram. Pobre garota, tão tola, mas de nada conseguiram, nada fazia ela se mover. O lugar logo se tornou vazio e sombrio, somente com a lembrança daquela garota estendida. Ninguém entendia ninguém percebia, não era fácil de entender, não mesmo. Na manhã seguinte, três pessoas tentavam tirar a grande mancha que tinha no carpete e especulavam (até demais) sobre o que teria acontecido com aquela pobre garota tola. Um disse que foi por excesso de vinho, o outro disse que foi excesso de palavras.

 - Como assim excesso de palavras? Nunca vi isso ser motivo para tamanho acontecimento. -Disse abismado o jovem rapaz.

- Pois é meu jovem, foi o acumulo de palavras o verdadeiro culpado. Ela não devia ter alma ou coração. Alguém deve ter roubado dela- Disse o homem com cabelos já grisalhos.

- Ainda não consigo entender. - Disse o jovem.

- Todas as palavras guardadas, isso foi o fim dela. - Disse a mulher.

Os três continuaram limpando até que um deles interrompeu o silêncio:

- Olha o que eu achei! - Um pequeno papel manchado de vinho. E ele resolveu ler.

"Olhar para o horizonte, além do mar nunca foi tão aterrorizador. Saber que por meio das montanhas não encontrarei aqueles grandes olhos castanhos e não irei para o fundo com ele. Tudo aquilo se tornou imenso demais e sem nexo, não havia sentido permanecer ali, não tinha mais aquele verde água me envolvendo e aquecendo quando o vento frio vinha me castigar. Meu vinho me acompanha, meu verdadeiro parceiro de hoje em diante, era mais seguro permanecer sentada na areia vendo a praia secar, as montanhas caírem e logo ser tomada pelo imenso vazio. Sim, eu preferi destruir aquele lugar, pois não quero retornar toda noite, sabendo que não terei sua pele morena para que aquecer e os pés entrelaçar, terei que sobreviver a isso, mas não se preocupe, eu estou bem. Depois de tanto tempo terei que refazer meus passos, meus muros, meus dias, minhas noites, mas não se preocupe, ficarei bem. Tudo se vai com o vento e eu tento mandar minha tristeza embora junto, sabe estou sendo forte por mim agora. Fui levada para muito longe, para um lugar muito alto e voltar é doloroso demais, até para quem se manteve sempre forte. Mas um dia, isso se esgota e a fortaleza cai, mas eu ficarei bem. Não posso deixar o meu desejo falar mais alto que a razão neste momento, isto significaria meu fim. Portanto, aqui com o meu vinho tento não me lembrar de  todo esse tempo ao qual não me arrependo e não busco culpados, busco por algo que me dê raiva para que possa ser mais fácil deixar tudo isso pra  trás. Dói, e você não faz ideia."

Os três permaneceram calados e viram que tinha um nome escrito no verso, mas com a mancha do vinho ficou impossível identificar, somente uma letra.

 

“Q”


Tuesday's gone with the wind
My baby's gone with the wind ♪





 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Closer


02:18
E como ele a fazia voar, transcender desse mundo e ser feliz.
- É o nosso momento, cale a boca! - Ele disse firme, trazendo-a para si, enquanto ela lutava contra o turbilhão de pensamentos. Ele era o único que conseguia silenciar sua mente, mas também era o único que fazia entrar em curto.
As músicas rolavam tão simples, tão calmas. Ela sentia cada nota e voava novamente, sem querer voltar para o mundo real. Ela poderia passar um tempo infinito ali no verde água, o relógio poderia perder seus ponteiros pela eternidade. Ah, se fosse possível, ela se perderia naqueles imensos olhos castanhos.
E quando a conversa não lhe agradava, ela se virava para a parede resmungando, não querendo saber de tal assunto. Ora, mas que conversa de louco, ela nunca o abandonaria não importando o que aconteça. Nem outros virão a ponto de tirar a sua atenção dele, não entraria ninguém na vida dela que fosse capaz de tal feito, ela, na verdade, não estava deixando ninguém entrar, pois não suporta a ideia de não tê-lo nesses momentos que são só deles, ninguém a fazia sair do chão como ele. Ela sabia o que estava fazendo, ela sabia quem ela queria.
Em algum momento ela terá que tomar suas próprias decisões, sem depender das escolhas dele. Estava ciente, e como doía saber, que um dia iriam trilhar seus caminhos separados. Cada um com a sua vida, seus amores, suas decepções, suas vitórias. Mas agora, ela estava em uma encruzilhada, onde a melhor saída ainda era permanecer imóvel.
Naquela noite ela sentiu tudo muito diferente, sentiu como se ele fosse dela, só dela. E ela surtava, balançava a cabeça tentando espantar as palavras que não ousaria em dizer, mas que estão presas prontas para serem ditas. Mas ainda não, não diria, poderia estragar tudo, ela tinha certeza, estragaria tudo. Balançou a cabeça novamente, espantando tais pensamentos. Ele simplesmente a beijava para ajuda-la a esquecer, se olhavam e sabiam que estavam em outro mundo e esse mundo era deles, não existia ninguém.
 

You shimmy-shook my boat
Leaving me stranded all in love on my own
Do you think of me♪

 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Just give me a reason


E dava um leve sorriso, cansado da noite que foi agitada e não muito agradável, para ele. Apoiado no ombro dela ele adormece, enquanto ela lhe segura a cabeça. O ônibus mexia muito e apesar de ela ainda estar um pouco bêbada, a noite se passou como um filme em sua cabeça. E a pergunta que não conseguia calar em sua mente "como seria dali pra frente?"
Ele acorda e da um beijo em seu rosto, ela respira fundo e vira para beijar o rapaz. Não é preciso ser adivinha para saber que seu coração acelerou o máximo que pode com aquela atitude.



- Me lembre de conversar com você depois. - Ela pediu, estava bêbada demais para conversar e ele somente concordou.



Eles se beijaram novamente e ela perdia a força quando sentia a mão carinhosa dele em seu rosto. Estavam de mãos dadas desde o início da viagem e ela não iria ousar soltar.



-O que você quer conversar? - Perguntou ele, ignorando totalmente o pedido dela.



- Quero tentar. - Ela responde sentindo que podia se enfiar no primeiro buraco para se esconder.



- Tentar o que? - É a pergunta que ele lhe faz que a deixa mais nervosa ainda. Ela tentou se esquivar da pergunta, tentou beija-lo, mas ele queria ouvir.



- Nós dois! - Ela o beija para calar um pouco a sua mente barulhenta e disfarçar o quanto estava sem graça.



A viagem termina junto com o Sol que resolveu acordar. Eles andam juntos, mas não como no início da noite, eles estavam juntos com as mãos entrelaçadas e ela só queria mais um pouco daquela viagem toda.
Ele a puxou para si e ela se rendeu, depois de tanto tempo e tantas discussões ela se deixou levar. Sentiu falta do abraço dele e de como eles ficavam juntos. De certa forma combinavam, por mais que ela quisesse negar e em certos pontos eram parecidos. Talvez por serem do mesmo signo. Ah, mas ela se deixou levar, esqueceu-se da hora e aproveitou cada segundo.



- Porque você esconde o que sente por mim? - Ele pergunta, ainda beijando-a, deixando-a mais atordoada.



- Ainda tenho medo! - Ela respondeu com uma voz tremula.



Ele a puxava ainda mais para si, quase que unindo os dois corpos. Ela o olhava em meio aos beijos e pensava se tudo aquilo era real ou efeito do álcool. O coração acelerava de medo e vibrava com tudo o que estava acontecendo. Pensou "irei acordar e na verdade, nada passará de uma situação sob o efeito do álcool", e não importando o que tenha feito durante a noite, quando finalmente se deitou, ela teve a certeza de que queria exatamente aquele momento, ela só demorou demais para fazer algo.


 

 

It's in the stars

It's been written in the scars on our hearts

We're not broken just bent ♪

terça-feira, 16 de julho de 2013

True love way


E eu gostava do cheiro daquele corredor e do frio que eu sentia mesmo o dia estando tão quente. Era somente chegar neste corredor para eu saber que estava em casa. As paredes irregulares, o cimento desnivelado, o portão que sempre estalava quando abria e outro cheiro vinha, um cheiro de bem vindo ao lar. O barulho da escada em cada degrau, gritando "ela está chegando" enquanto eu tentava pisar de uma forma mais leve possível para não acorda-lo. O segundo lance de escada era mais silencioso e fazia meu coração vibrar e um terceiro cheiro vinha diferente do que senti no corredor e até mesmo da sala que se misturava com o cheiro de comida gostosa. Era um cheiro único e quando eu passava por aquela porta eu deixava o barulhento mundo para trás e entrava em um universo paralelo onde eu tinha um clone.

Ele ainda estava sonolento quando me viu entrando, tirei os sapatos, a calça que me apertava e o sutiã que me espremia, peguei uma camiseta dele jogada na cadeira, vesti e deitei ao seu lado, ele por sua vez se enroscou em minhas pernas e pousou a cabeça em meu peito, voltando a dormir. Acordei com ele fazendo carinho em meus cachos e aqueles grandes olhos castanhos me olhava de uma forma que me fazia corar as bochechas. Enquanto ele se levantada para fazer comida para nós, eu olhava para aquele aconchegante quarto e como aquele lugar me trazia tanta preguiça. É, era só chegar para que eu ficasse deitada e parecia que o tempo corria devagar naquele quarto. O Chaplin na parede me fazia rir, gostava dele decorando o quarto junto com a parede verde água. O cheiro da comida era tentador, me levantei e fui até ele para ajudar. Eu que não sabia muito, deixei o frango queimar enquanto ele ria de mim. Mas conseguimos comer mesmo assim assistindo filme. E como riamos. Mas nem terminamos de assistir ao filme, sabe, o corpo berrou e abafou o som da Tv enquanto ele me puxava pela cintura para si e me beijava tão delicadamente.

E de repente a Tv ficou em silêncio e nossos olhos se conectaram, respirávamos o mesmo ar e ficamos quietos por um tempo. Nada melhor do que parar tudo para isso, simplesmente para nos olharmos. Ele beijou minha testa e tudo recomeçou em meio a risos e puxões.  Não se escutava o barulhento mundo que vinha do lado de fora, estávamos muito alto para que pudéssemos escutar algo além de nós mesmos. E no fim, exaustos eu me entrelaçava em meio as suas pernas e braços para repousar a cabeça em seu peito, enquanto ele me abraçava.

E mesmo com tantas pessoas dizendo para que eu ficasse longe e tantas outras coisas que só eu sei, só eu ouvi, me deixei viver assim desse jeito, pois por mais louco que seja toda a situação era nos braços dele que eu encontrava a paz, mesmo quando ele esquecia que eu iria ficar. Mesmo assim, com os surtos e “mimimi” da vida, uma voz dizia para continuar e aproveitar o máximo. Eu estou ciente de que ele não poderá me dar o que preciso, porém dificilmente encontrarei em outro o que tenho com ele. Uma voz se mantinha em minha mente e dizia para eu não desistir, pois ainda havia muito ali, e eu só irei me retirar quando não restar mais nada.

 

 

 

And we would laugh

Laugh till we cried

Making up songs

And making me lie

terça-feira, 11 de junho de 2013

Move along

E ela contava as horas, os dias para poder encontrar com ele. Estava ansiosa, perdia noites de sono, esperando pelo dia que ele chegasse, mas como pode aqueles olhos verde agua e seus cabelos dourados, exercerem tamanho nervosismo? Nunca nem se cruzaram na rua, nunca se ouviu a voz nem mesmo para dizer "olá".
 
"Ela espera ansiosa, o sol brilha como nunca hoje, sentada em um banco olha as pessoas passarem e irem para o bondinho. Os risos e gargalhadas dos grupos aumentava a ansiedade da garota. Pobre garota boba, estava ansiosa demais para enxergar que ele a reconhecera e estava indo em sua direção. Ah, mas quando ele se sentou ao lado dela, pediu licença e sorriu segurando sua mão. A princípio o susto foi a sua primeira reação, mas quando ela sentiu sua mão ser envolvida pela dele, sorriu e seu rosto se avermelhou. Finalmente estava com ele e tudo era exatamente do jeito que ela imaginava. Ele a puxou delicadamente pela mão para que entrassem no bondinho, ela pôde observar como ele era alto e como seus olhos verde água ficavam contra o sol. Já sentados, ela brincava com os cachos amarelo ouro enquanto conversavam, ele acariciava sua mão fazendo ela corar.
Eles conversavam sobre o tempo, a vista, a terra, músicas e filmes, e quando chegaram no topo, sentiu que ele perdera o ar com tamanha beleza do lugar que estavam, ela sorriu e foi a vez dela de puxa-lo delicadamente, para onde seria na sua opinião, o melhor lugar. Sentia o vento forte, registravam tudo, ela queria que ele guardasse cada momento, pois ele não era daqui. E de mãos dadas desceram , ela o levou para almoçar em um bom lugar que ali ficaram por mais algumas horas, brincavam e ela explica um pouco de como era viver ali e do que gostava. Ele por sua vez, explicava como era sua cidade e ela atenta a todas as informações, pensou que seria bom, um dia, ir para lá. Ela ainda envergonhado, pensava que aquilo não podia estar acontecendo, era um sonho, um desvaneio, mas ele tocara sua mão e dissera que era hora de partir. Ela sentiu um leve pesar, mas sorriu não deixando transparecer seu descontentamento, levantou-se e estendeu a mão, ele segurou e sorriu.
Eles caminhavam ainda conversando, ela insistia pois era a única forma de olha-lo. Em pouco tempo chegaram no porto e ela não conseguia soltar sua mão, ele a abraçou e ela o abraçou o mais forte que podia, era o primeiro abraço que davam durante todo o dia. Ela brincou mais um pouco com seus cachos e olhou para aqueles olhos verde água e permaneceu imóvel, ambos.
 
- Vou sentir sua falta!
- Eu também sentirei!
 
 Ela não conseguia dizer mais uma palavra, o nó na garganta crescia e deixou que ele a soltasse. Ele depositou um beijo em seu rosto, ela fechou os olhos e respirou fundo. Ele se virou e começou a andar, ela permaneceu imóvel vendo-o ir até que...
 
 B. - Ela chamou, ele olhou para trás e via que ela corria em sua direção. Ela o abraçou forte  -  Não poderia te deixar partir sem isso. - Então pousou seus lábios delicadamente nos dele, e por um curto momento, esperou, até que sentiu o abraço dele apertar e o beijo finalmente se consumir."
 
Ela acorda, não faz tanto sol, o clima está agradável, então prefere permanecer na cama pensando no sonho que acabara de ter. Pôs uma música baixinha, se encolheu e com um sorriso no rosto fechou os olhos lembrando de todo o sonho e vivendo um pouco mais de tudo aquilo.  E ao som de The All American Rejects, ela cria e recria o dia em que finalmente irá encontra-lo.


When  all you got to keep is Strong
Move along, move along like I know you do
And even when your hope is gone
Move along, move along just to make it through ♪

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Lágrimas de Diamantes



Ela não via saída. E naquela manhã o choro e o grito foram maior do que imaginava, o travesseiro não conseguia abafar e não havia uma mão para lhe acalentar. Estava sozinha, encolhida por tamanha dor que sentia. Não conseguia se mexer, preferia ficar imóvel, doía menos, mas tinha uma vida a seguir, um sorriso a por no rosto e aparecer ao mundo barulhento. Porém, não naquela hora. Ainda eram meio dia, não queria levantar.
Naquela grama verde se sentaram e permaneceram abraçados tempo suficiente para entrarem no mundo deles, desconhecidos passavam, olhavam e não entendiam, mas eles não viam, estavam num mundo diferente que apesar da dor, era só deles. Ela não sabia mais o que fazer, o coração doía qualquer que fosse a sua decisão. Então permaneceu imóvel. Ela não tinha forças, não conseguia sair dali, onde o abraço era mais forte do que qualquer dia que já estivera com ele. Ela estava tão desesperada para a dor sumir que não pensou na decisão que tinha tomado, mas também não conseguia voltar. "E o que fazer quando tudo era só ele e dele?" ela não conseguia pensar em mais nada, pensou que seria fácil, igual a todos os outros, tomava uma decisão e não questionavam, assim poderia partir, mas ele era uma especie de karma, não a deixava ir tão facilmente, não sem antes esgotar todas as possibilidades de fazer aquilo dar certo. 
Ele bem dissera outra vez "você ainda irá me aturar por muito tempo", e ele cumpria fielmente sua palavra, como sempre fazia. Suas mãos não queriam soltar as dela, no momento de voltarem ao mundo turbulento e real parecia-lhes que nunca mais voltariam a fazer aquilo, pelo menos não nesta vida. Ela tentava induzir ele a pratica de desapego, pois quando o fim chegasse, não sentiram tanta dor. Ela não queria depender tanto desse sentimento e queria que fosse o mesmo com ele, talvez assim quando o fim chegasse, o ar poderia continuar em seus pulmões como de costume e ela poderia achar o caminho de casa sem precisar dele como mapa.  

Ela se lembrava bem de como era olhar para o mar e sentir o toque dele, olhava as conchas espalhadas na areia, recolhia algumas e brincava. Pensava em como poderia perder tudo aquilo.Então ela decidiu adiar o fim, pois ainda havia muita coisa ali, na verdade, ela não queria o fim e muito menos daquela forma. Um dia, teria fim, mas não desta forma, não agora, não hoje. Porque hoje ela só deseja sentir sua cintura ser envolvida pelas mãos firmes dele, mantendo-a segura, protegendo-a como sempre fazia e sempre perto dele. Ela pode se adaptar a nova situação, não gostaria de quebrar suas promessas de concha, não mais. Um dia tudo aquilo teria fim, ambos sabiam mas não nesta noite. 







Que você seja meu e eu seja sua. RAWR



De dia lágrimas, à noite amantes
Lágrimas de diamante ♪

terça-feira, 28 de maio de 2013

Fotografia

E naquela linda manhã de sol, ela observava cada traço de seu rosto deslizando suas mãos tocando cada parte, como se esse gesto fosse uma forma de capturar a imagem, como uma fotografia. Ele abria os olhos lentamente, expulsou um pouco a preguiça e a puxou para si, pondo a cabeça dela em seu peito. Quem olhava diria que eram perfeitos um para o outro, mas eles não acreditam nisso e sabem também que teriam somente aquilo e nada mais. E como já dizia Renato Russo "E quem um dia ira dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?" eles não precisavam de mais do que aquilo, pois o que tinham era feito com respeito, cumplicidade, carinho e sim, amor, porque não? Pois quando se convive muito tempo, esse sentimento nasce, mas não são e nem tão pouco serão namorados. Eram amigos. Amigos que se amavam e se protegiam, um companheirismo pouco visto em uma amizade entre homem e mulher. E quando a lua se fazia presente, eles contemplavam juntos, mesmo que separados e saberiam que onde quer que estivessem, significaria a mesma coisa e se lembrariam das mesmas coisas. Por vezes iriam refletir sobre a vida e como ela tem caminhado, tudo o que aconteceu e qual seria o próximo passo, mas pensariam juntos, com a lua em todas as suas grandiosas fases. 




Os olhares não ousavam se cruzar, admiravam o mar como se fosse a primeira vez. A lua que banhava o mar, estava completamente cheia e iluminava ambos. Ela segurou a sua mão e  apertou, sentia a água gelada em seu pé e como a areia dançava com o vai e vem do mar. Ele a puxou para si, abraçando-a forte ainda de mãos dadas e se olharam de forma plena. A lua observava a tudo silenciosa e majestosa. O vento embalava os cabelos da pequena menina e ele segura seus cabelos com uma mão, inclinando-se para beijá-la.








E naquela linda manhã, ele observava cada traço de seu rosto deslizando suas mãos tocando cada parte, como se esse gesto fosse uma forma de capturar a imagem, como uma fotografia. Ela abria os olhos lentamente, sorriu expulsando a preguiça e o puxa para si, pondo a cabeça dele em seu peito.





O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que havia ♪

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Cigarettes

Me falta algo. Cigarros. Cigarros que nunca fumarei. O destilado queimando minha garganta, me traga a mais forte. Vamos brindar o fato de continuarmos vivos, sobrevivendo ao turbilhão de pensamentos, as coisas não definidas, os passos não executados e as palavras que nunca entenderão, a não ser nós mesmos. Donos da poesia depressiva. E também ao sorriso estampado em nosso rosto, grande e falso, sustentando a lágrima para dar ao outro tranquilidade. Vamos, me traga mais um copo, me faça companhia, você que vives a mesma coisa que eu. Hey, você, é, você mesmo, puxe uma cadeira e saboreie comigo como a vida é. Acenda um cigarro e fume comigo, vamos conversar e talvez sorrir de maneira leve ou extravagante, dançar para expulsar os demônios de nossas costas, pois estes pesam demais. E toda vez que a voz vier te torturar ou a lembrança te esmagar o peito, vire mais um copo. Hoje não teremos hidropônica  é eu sei, infelizmente, mas temos uns aos outros, bêbados, compartilhando derrotas e depressões. Talvez seja o momento mais sincero e seguro, onde expor o que não deveria sentir, palavras que nunca serão ditas, mágoas que são arrastadas por anos, pois não haverá surpresas nem recusa. Talvez, nesse momento, compartilhemos da verdadeira alegria. Então, fiquemos a vontade, o papo é longo e a noite mais longa ainda.







Para aqueles que me aturam quando estou surtando, com a mente mais barulhenta do mundo. Só vocês entendem, somente nós temos força para nos aturarmos, pois não é nada fácil  Este é para aquele que bagunça a minha mente e consegue silenciá-la, também.









Que nossas esperanças não morram e nossos sorrisos falsos continuem sustentando nossas lágrimas ardentes para sobreviver por mais alguns dias.






And all the cigarettes
That I have never smoked
And all the letters
That I have never sent ♪

quarta-feira, 15 de maio de 2013

One in a milion

Hoje eu resolvi voltar pra casa no silêncio do meu mundo, mas minha mente estava barulhenta, tão barulhenta que o barulho do mundo se tornava música em meus ouvidos, o vento parecia maresia, ainda consigo sentir o cheiro. Tal vento que embalava meus cachos e tranquilizava a minha mente barulhenta. Me trazia lembranças do abraço que recebi certa noite na praia, que olhando para o mar, as palavras não ousavam se pronunciar. Não era preciso. Saudade sinto, tempo bom, abraço aconchegante. Tal noite que me deixou feliz, por ajudar, por estar ali, pela conversa e companhia. Tal noite que me mostrei 100%.
A viagem que minha mente fazia entre o passado e o presente me deixava tonta. A nostalgia e a curiosidade, o desejo de menina se misturando com o de mulher. E ele me amava, por nós dois até. E não importava o que acontecia em nossa vida, o bom era saber que eu podia chegar e falar, falar até perder a voz, pois ele estaria ali ouvindo. E apesar de todas as brigas, na maioria por culpa minha, não tinha como não sorrir e perturba-lo mais um pouco. E eu odiava quando ele tinha razao, mas adorava ser do contra. Brigava com ele para testa-lo e ria quando ele ficava nervoso. Coisa de criança, coisa de menina. Coisas que nao posso deixar pra tras. E mesmo eu odiando a tentativa dele me colocar numa bolha, eu amava o jeito como ele quer me proteger, possessivo que só ele, e eu adoro brincar  com isso. E na nossa negritude nós vivemos, erramos e aprendemos.

Depois de um tempo bateu até um frio na barriga, um desespero e uma vontade louca de ir correndo para o lado contrario ao dele. E o abraço que continuava aconchegante, me aquecia enquanto eu tremia de frio e  entao seus labios encontraram os meus e por um breve momento não me importei com o depois. Suas mãos estavam mais firmes e decididas, sabiam exatamente onde ir, mesmo que com uma certa hesitação. E eu nao me importei, pois nós dois sabiamos que aquela noite tinha sido diferente mesmo com o mundo la fora barulhento e confuso. Só não sabemos como será a partir de agora

quinta-feira, 9 de maio de 2013

To build a home


“O ônibus para, falta pouco, o coração bate mais forte e o sorriso me escapa ao rosto. "De onde vem tanta alegria?" eu não conseguia parar de me perguntar, a ansiedade me tomava conta e todas às vezes era assim, desde o primeiro encontro. A preocupação com a roupa, com os atos, se estaria bonita ou não para ele. Mas tudo parecia desaparecer e toda aquela preocupação se desfazia simplesmente com um olhar, com aqueles grandes olhos castanhos que eu era apaixonada e não me cansava de admirar. Suas mãos firmes que a envolviam pela cintura e tocava-lhe a face respondia a minha pergunta de minutos atrás e se ele não estivesse me segurando, eu teria ido ao chão, pois me parecia que ele sugara toda a minha energia, me deixava em êxtase.
E toda noite eu deitava em minha cama imaginando como seria se ele subisse a minha janela. Beijaria-me, tocaria-me a face, poderia dividir o mesmo ar e em minha mente e vida nada mais importava, pois eu estaria em casa, teria um lar, um lugar seguro que pudesse apoiar a cabeça. A vela azul que queimava deixava-me tranquila, azul esse que me fazia lembrar ele, para que então pudesse descansar e fechar os olhos, até sentir sua respiração próxima a minha. Ele tinha mãos grandes e firmes que me seguravam e me suspendeu, eu mantive os olhos fechados e o abracei sorrindo levemente. Eu confio nele, mantinha os olhos fechados e me deixava levar, pois essa dança quem conduzia era ele.” Lembrei –me ao tentar dormir...


E como era bom ouvi-lo tocar. Fechava meus olhos e me sintonizava com as notas. E por vezes olhava sua silhueta com a guitarra no colo, errando e acertando, o que pra mim não importava. Era sempre muito bom ouvi-lo. E por mais que eu fosse apaixonada por tudo isto, eu precisei me afastar, respirar e entender o turbilhão de sentimentos no meu mundo barulhento. Somente meu ele nunca será, e como viver com isso? Já me perguntaram como me sinto, apenas respondo "nada". Mas por vezes, esse desejo é incontrolável, tê-lo no nosso mundinho verde e sentir sua luz dourada me envolver. Tem dias que isso é sufocante, precisava respirar parar de sentir o peso no peito, me torturar. E sinceramente? Nunca dormi tão mal na minha vida e nunca chorei tanto durante a noite. Por mais que meu mundo tivesse barulhento, o tempo que eu passava com ele silenciava. E quando era barulho demais ele ouvia. Como ficar longe dele? Não tem jeito, melhor tê-lo assim do que não ter nada.

Eu não sei quanto tempo vou aguentar.

Eu também. Eu não quero ficar longe de você.

Eu também não.

Eu sinto a sua falta.

Eu também.

Eu não sei ficar sem você. Só me deixa voltar.

Pra mim você nunca foi embora.





Ao meu grande camarada d'água, que renova  o sorriso no meu rosto, que bagunça tudo e organiza logo depois. A você que me tirou da minha zona de conforto, se tornou  meu lar e me mostrou um pouco mais de como pode ser o mundo, me faz viver e aprender. Minha luz dourada que não me faltará.




Cause, I built a home, for you... For me. Until it disappeared from me... From you ♪

terça-feira, 23 de abril de 2013

Almost lover

A maior dor era amá-lo e saber que nunca seria seu. Não querer o fim, mas saber que é o melhor. Então que a hidropônica se faça presente por mais um instante, apaga-me a  mente e deixe-me enxergar a beleza em todos, pois estou tão envolvida por um futuro-passado que me consome todo o tempo, mesmo me trazendo tanta paz em sua maioria. Mas, neste momento, meu desejo é tê-lo para mim. E se eu pedisse aos Deuses, eu sei que conseguiria esta benção, mas isso seria contra a sua total vontade e não posso ter-te deste modo. Que não o tenha, afinal de contas, ponhamos um fim e sustentarei minhas lágrimas com um sorriso, prego minha língua para não dizer o que  você nunca saberá, pois não deixarei que saibas o quanto fui tola e o quanto sou. E seguro-me para entardecer o futuro-passado, tornando-o mais presente. Talvez não tivesse que ser feito, mas faço. Eu não estou sabendo mais jogar, fui desarmada pelo meu futuro-passado.Me traga mais uma taça de vinho, nunca apreciei tanto seu gosto em minha boca amarga.


Mas sobrevivo na certeza de que é melhor assim do que não ter nada. A dor nunca se desfaz, permanece ali, esperando um sopro de desespero e volta com  uma força esmagadora. Mas permaneço aqui, porque ainda não é hora de dizer adeus. Foi a vida que escolhi e vou vivê-la até não restar nada. Recanto que me escondo do mundo e não existe outro lugar melhor, mas vejamos outros lugares para adorar junto, mesmo não tendo a mesma graça e vou reaprender a jogar, reaprender a ser imparcial, neutra.


Embora todas as imagens venham, um dia terei que dizer adeus para meu romance sem sorte, pois é o que faço de melhor, ser passagem, mesmo querendo tanto ficar. E o oceano me mostrará novamente sua imagem, da multidão em nossa volta e suas mãos nas minhas, a noite será mais fria, não haverá suas mãos firmes para me proteger e me ninar com um aconchegante cafuné. Serão só imagens, que nunca serão esquecidas. Até mesmo da pequenina flor, tudo se tornará imagem. Mas você não me deixaria ir de maneira tão fácil. Meu romance sem sorte, tenho tentado não pensar em você, to aprendendo a viver sem você, de maneira difícil e dolorosa, mas estou. E tenho conseguido, até você segurar em minhas mãos e me puxar para si.


Quando chegar o momento de dizer-te adeus, virarei minhas costas para ti, pois sei que irá me impedir e sabe que tens poder sobre mim. Mas ainda não há motivos para me despedir, seus olhos me encantam e fazem com que eu fique. Ainda não é hora.

Olhando a pequena flor, inocente, não sabia de nada. Pobre flor. Nem eu sabia.



Good bye, my almost lover
Good bye, my hopeless dream
I'm trying not to think about  you
Can't you just let me be? ♪

terça-feira, 16 de abril de 2013

Atos


Deito em minha cama, fecho meu olhos e volto para aquele bar. Sou tomada pela raiva, de novo. É assim a três noites. Para aliviar fecho minhas mãos e bato contra a cama, diversas vezes. Meus olhos rasos de água expulsam um pouco da minha dor, mas não a mágoa e com meus olhos ardendo, repito o ato. Estou sóbria demais, me dê mais algumas doses, pode ser aquela do bar, comprada no impulso, na raiva e virei como água, mas lembrei-me que não era água quando esquentou minha garganta. Ah, vamos, eu me comportei, eu poderia ter feito pior, mais que somente um grito e isso daria uma confusão junto com a possibilidade de perdê-lo. É, isso não. O único que silencia o meu mundo, não posso perder por uma coisa estupida. Sim, eu me comportei, pensei demais, mas me abriu os olhos, me colocou novos limites, estes que não quero ousar ultrapassar. Três noites e diversos pesadelos, talvez se ele tivesse encostado nela, poderia me servir para descarregar minha raiva, já que eu não pude fazer nada além de disfarçar. Mas não aconteceu, e também, o cara era grande, acho que não seria algo muito legal pra mim. Será que meu mundo não pode fingir que ele está aqui e se calar? Eu só preciso de paz, apesar de estar sóbria demais e com os olhos ardendo lembrando de como foi chegar em minha segunda casa: "Um banho gelado as cinco da manhã me acalmaria, mas ainda assim fechei minhas mãos, que não com a força que eu queria, foram de encontro a parede. A água gelada cortava minha pele, eu não podia fazer mais barulho, ele iria ouvir, então, tomei todo o ar que eu poderia e sai do banho. Deitei-me e ele me puxou para si.

- Está tudo bem? Última chance, você disse que contaria se algo te incomodasse.

- Ela fala as coisas e não se importa se vai magoar os outros. Ela só fala. E machuca.

Uma pausa se fez, as lágrimas caiam e o abraço dele se fez mais forte.

- Ah mais que inferno.

- Põe pra fora, guardar só vai te fazer mal."




A raiva se desfez, mas não foi esquecido.






Atos desatando os nós
Mais uma vez substimou por já saber que eu sei perdoar
Não sei o que me omitiu
Prefiro eu pensar assim
Seria duro cantar outra vez ♪

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Tell me

E vê-lo entrar naquele salão, seus 1,94 de altura, cabelos loiros e corpo atlético, me faltou o ar e um sorriso escapou-me e tive certeza da minha decisão. Me lembrava do quão nervosa estava momentos antes, minha mãe e amigas me ajudavam, e eu, tremia. Senti vontade de fugir, um pânico me tomou conta, mas fiquei. E foi a melhor coisa. Vê-lo dançar com todas as mulheres do salão, crianças. Eu o observava de longe, não podia acreditar, parecia um sonho. Ele dançava gentilmente, fazia com alegria, era sincero, sorria para todas e agradecia a dança. Eu não conseguia tirar os olhos dele e me recordava de que queria sair correndo minutos antes, me recordava de como planejei tudo aquilo e apesar da escuridão que se fazia presente e da  luz dançante, eu sabia que tinha saído perfeitamente como eu desejei. A atenção dele foi para todas, sem exceção, até que se aproximou de mim, segurou minhas mãos e me beijou a testa. Ele sorri e me puxa, eu  começo a corar e de inicio rejeito o convite, mas ele se aproxima delicadamente, me abraça e diz que dará tudo certo. Eu corei de novo, todos olhavam, eu sentia apesar de não ver, e ele, me balançava delicadamente de um lado para o outro. Fiquei preocupada, era nossa primeira dança. Eu sorri e abaixei a cabeça, via como era belo meu vestido e as flores em meu cabelo. Levantei os olhos e ele já olhava para mim, como era belo.


From the very first
time I saw you
It was something different
And it was all new
It's in the way you move
And how you look at me
Like being stuck on you is something I'm supposed to be ♪



 

quarta-feira, 27 de março de 2013

Hardest of Hearts

Me deixe cavar mais sete palmos, me deixe. Meus olhos ardem mais do que nunca e eu não tenho nada que possa me tirar dessa sobriedade. E no fim dos tempos, eu sei, mesmo que você vá embora, eu vou estar contigo. Mas por agora me deixe cavar meus sete palmos a mais, deixe que eu faça disso um hobby e me devolvam meu caixão enfeitado.




- Quer ficar sem me ver por um tempo?



- Vai doer.




- Não só em você.



E eu mantive meus olhos fechados, pois sabia que se olhasse para aqueles grandes olhos castanhos, todas as palavras em minha mente sairiam com mais facilidade. Esses olhos que me hipnotizam. Eu não quero ir contra a corrente, só quero permanecer a salvo na margem, e não ir junto com a correnteza. Prefiro deixar o rio passar. Mas mesmo tentando ficar na margem, eu sei, estou indo mais fundo do que eu poderia, e mais sete palmos são cavados. Me dêem meu caixão, pois eu tenho um amor que não consigo tirar e que não sai de minha boca. Me dêem logo esta merda, quero agora, antes que tudo se desfaça. Já que estou sóbria, me ponha em meu caixão enfeitado e jogue-me a terra. Não há desculpas para as condições que me vejo, eu me pus aqui. Cavei mais sete palmos que o normal, me deixe ir, desta vez.
Não haverá, nunca alguém por aqui e a canção já terminou, pois então que se acrescente mais sete palmos e que minha hidropônica se faça presente. A água entra em meus pulmões e eu continuo a respira, não consigo parar, meus pulmões incham e até que seja tarde demais, eu estarei no fundo, onde se tornou o lugar mais seguro no final. Eu sei onde irá terminar, não gostaria, mas sei. Mesmo sabendo, ainda é algo que me preenche, pois está grudado em minha língua e estampado em meu rosto, escorre pela minha pele e me deixa marcas. Não saberás como fui tola, uma boba, mas isso não é desculpa para o estado em que me vejo.




There's love in our bodies
And it holds us together
But pulls us apart
When we're holding each other
We all want something to hold in the night
We don't care if it hurts or we're holding too tight ♪