terça-feira, 28 de maio de 2013

Fotografia

E naquela linda manhã de sol, ela observava cada traço de seu rosto deslizando suas mãos tocando cada parte, como se esse gesto fosse uma forma de capturar a imagem, como uma fotografia. Ele abria os olhos lentamente, expulsou um pouco a preguiça e a puxou para si, pondo a cabeça dela em seu peito. Quem olhava diria que eram perfeitos um para o outro, mas eles não acreditam nisso e sabem também que teriam somente aquilo e nada mais. E como já dizia Renato Russo "E quem um dia ira dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?" eles não precisavam de mais do que aquilo, pois o que tinham era feito com respeito, cumplicidade, carinho e sim, amor, porque não? Pois quando se convive muito tempo, esse sentimento nasce, mas não são e nem tão pouco serão namorados. Eram amigos. Amigos que se amavam e se protegiam, um companheirismo pouco visto em uma amizade entre homem e mulher. E quando a lua se fazia presente, eles contemplavam juntos, mesmo que separados e saberiam que onde quer que estivessem, significaria a mesma coisa e se lembrariam das mesmas coisas. Por vezes iriam refletir sobre a vida e como ela tem caminhado, tudo o que aconteceu e qual seria o próximo passo, mas pensariam juntos, com a lua em todas as suas grandiosas fases. 




Os olhares não ousavam se cruzar, admiravam o mar como se fosse a primeira vez. A lua que banhava o mar, estava completamente cheia e iluminava ambos. Ela segurou a sua mão e  apertou, sentia a água gelada em seu pé e como a areia dançava com o vai e vem do mar. Ele a puxou para si, abraçando-a forte ainda de mãos dadas e se olharam de forma plena. A lua observava a tudo silenciosa e majestosa. O vento embalava os cabelos da pequena menina e ele segura seus cabelos com uma mão, inclinando-se para beijá-la.








E naquela linda manhã, ele observava cada traço de seu rosto deslizando suas mãos tocando cada parte, como se esse gesto fosse uma forma de capturar a imagem, como uma fotografia. Ela abria os olhos lentamente, sorriu expulsando a preguiça e o puxa para si, pondo a cabeça dele em seu peito.





O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que havia ♪

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Cigarettes

Me falta algo. Cigarros. Cigarros que nunca fumarei. O destilado queimando minha garganta, me traga a mais forte. Vamos brindar o fato de continuarmos vivos, sobrevivendo ao turbilhão de pensamentos, as coisas não definidas, os passos não executados e as palavras que nunca entenderão, a não ser nós mesmos. Donos da poesia depressiva. E também ao sorriso estampado em nosso rosto, grande e falso, sustentando a lágrima para dar ao outro tranquilidade. Vamos, me traga mais um copo, me faça companhia, você que vives a mesma coisa que eu. Hey, você, é, você mesmo, puxe uma cadeira e saboreie comigo como a vida é. Acenda um cigarro e fume comigo, vamos conversar e talvez sorrir de maneira leve ou extravagante, dançar para expulsar os demônios de nossas costas, pois estes pesam demais. E toda vez que a voz vier te torturar ou a lembrança te esmagar o peito, vire mais um copo. Hoje não teremos hidropônica  é eu sei, infelizmente, mas temos uns aos outros, bêbados, compartilhando derrotas e depressões. Talvez seja o momento mais sincero e seguro, onde expor o que não deveria sentir, palavras que nunca serão ditas, mágoas que são arrastadas por anos, pois não haverá surpresas nem recusa. Talvez, nesse momento, compartilhemos da verdadeira alegria. Então, fiquemos a vontade, o papo é longo e a noite mais longa ainda.







Para aqueles que me aturam quando estou surtando, com a mente mais barulhenta do mundo. Só vocês entendem, somente nós temos força para nos aturarmos, pois não é nada fácil  Este é para aquele que bagunça a minha mente e consegue silenciá-la, também.









Que nossas esperanças não morram e nossos sorrisos falsos continuem sustentando nossas lágrimas ardentes para sobreviver por mais alguns dias.






And all the cigarettes
That I have never smoked
And all the letters
That I have never sent ♪

quarta-feira, 15 de maio de 2013

One in a milion

Hoje eu resolvi voltar pra casa no silêncio do meu mundo, mas minha mente estava barulhenta, tão barulhenta que o barulho do mundo se tornava música em meus ouvidos, o vento parecia maresia, ainda consigo sentir o cheiro. Tal vento que embalava meus cachos e tranquilizava a minha mente barulhenta. Me trazia lembranças do abraço que recebi certa noite na praia, que olhando para o mar, as palavras não ousavam se pronunciar. Não era preciso. Saudade sinto, tempo bom, abraço aconchegante. Tal noite que me deixou feliz, por ajudar, por estar ali, pela conversa e companhia. Tal noite que me mostrei 100%.
A viagem que minha mente fazia entre o passado e o presente me deixava tonta. A nostalgia e a curiosidade, o desejo de menina se misturando com o de mulher. E ele me amava, por nós dois até. E não importava o que acontecia em nossa vida, o bom era saber que eu podia chegar e falar, falar até perder a voz, pois ele estaria ali ouvindo. E apesar de todas as brigas, na maioria por culpa minha, não tinha como não sorrir e perturba-lo mais um pouco. E eu odiava quando ele tinha razao, mas adorava ser do contra. Brigava com ele para testa-lo e ria quando ele ficava nervoso. Coisa de criança, coisa de menina. Coisas que nao posso deixar pra tras. E mesmo eu odiando a tentativa dele me colocar numa bolha, eu amava o jeito como ele quer me proteger, possessivo que só ele, e eu adoro brincar  com isso. E na nossa negritude nós vivemos, erramos e aprendemos.

Depois de um tempo bateu até um frio na barriga, um desespero e uma vontade louca de ir correndo para o lado contrario ao dele. E o abraço que continuava aconchegante, me aquecia enquanto eu tremia de frio e  entao seus labios encontraram os meus e por um breve momento não me importei com o depois. Suas mãos estavam mais firmes e decididas, sabiam exatamente onde ir, mesmo que com uma certa hesitação. E eu nao me importei, pois nós dois sabiamos que aquela noite tinha sido diferente mesmo com o mundo la fora barulhento e confuso. Só não sabemos como será a partir de agora

quinta-feira, 9 de maio de 2013

To build a home


“O ônibus para, falta pouco, o coração bate mais forte e o sorriso me escapa ao rosto. "De onde vem tanta alegria?" eu não conseguia parar de me perguntar, a ansiedade me tomava conta e todas às vezes era assim, desde o primeiro encontro. A preocupação com a roupa, com os atos, se estaria bonita ou não para ele. Mas tudo parecia desaparecer e toda aquela preocupação se desfazia simplesmente com um olhar, com aqueles grandes olhos castanhos que eu era apaixonada e não me cansava de admirar. Suas mãos firmes que a envolviam pela cintura e tocava-lhe a face respondia a minha pergunta de minutos atrás e se ele não estivesse me segurando, eu teria ido ao chão, pois me parecia que ele sugara toda a minha energia, me deixava em êxtase.
E toda noite eu deitava em minha cama imaginando como seria se ele subisse a minha janela. Beijaria-me, tocaria-me a face, poderia dividir o mesmo ar e em minha mente e vida nada mais importava, pois eu estaria em casa, teria um lar, um lugar seguro que pudesse apoiar a cabeça. A vela azul que queimava deixava-me tranquila, azul esse que me fazia lembrar ele, para que então pudesse descansar e fechar os olhos, até sentir sua respiração próxima a minha. Ele tinha mãos grandes e firmes que me seguravam e me suspendeu, eu mantive os olhos fechados e o abracei sorrindo levemente. Eu confio nele, mantinha os olhos fechados e me deixava levar, pois essa dança quem conduzia era ele.” Lembrei –me ao tentar dormir...


E como era bom ouvi-lo tocar. Fechava meus olhos e me sintonizava com as notas. E por vezes olhava sua silhueta com a guitarra no colo, errando e acertando, o que pra mim não importava. Era sempre muito bom ouvi-lo. E por mais que eu fosse apaixonada por tudo isto, eu precisei me afastar, respirar e entender o turbilhão de sentimentos no meu mundo barulhento. Somente meu ele nunca será, e como viver com isso? Já me perguntaram como me sinto, apenas respondo "nada". Mas por vezes, esse desejo é incontrolável, tê-lo no nosso mundinho verde e sentir sua luz dourada me envolver. Tem dias que isso é sufocante, precisava respirar parar de sentir o peso no peito, me torturar. E sinceramente? Nunca dormi tão mal na minha vida e nunca chorei tanto durante a noite. Por mais que meu mundo tivesse barulhento, o tempo que eu passava com ele silenciava. E quando era barulho demais ele ouvia. Como ficar longe dele? Não tem jeito, melhor tê-lo assim do que não ter nada.

Eu não sei quanto tempo vou aguentar.

Eu também. Eu não quero ficar longe de você.

Eu também não.

Eu sinto a sua falta.

Eu também.

Eu não sei ficar sem você. Só me deixa voltar.

Pra mim você nunca foi embora.





Ao meu grande camarada d'água, que renova  o sorriso no meu rosto, que bagunça tudo e organiza logo depois. A você que me tirou da minha zona de conforto, se tornou  meu lar e me mostrou um pouco mais de como pode ser o mundo, me faz viver e aprender. Minha luz dourada que não me faltará.




Cause, I built a home, for you... For me. Until it disappeared from me... From you ♪