domingo, 23 de fevereiro de 2014

Daydreamer

Para uma leitura mais agradável - Adele Daydreamer: http://www.youtube.com/watch?v=4Q_z2WkSKTc



Estou na banheira, uma música leve está tocando e eu deixo o corpo todo submerso com os olhos fechados. Meu cigarro me faz companhia em meio a solidão enquanto me recordo das noites que tive, estou sozinha na nova casa. Abro os olhos e analiso meu novo banheiro, minha nova vida e penso "eu consigo, eu posso", e um peso no peito vem violento, sem pedir licença ou aviso prévio.  Tudo vem a mente tão depressa, de um modo inconveniente, eu não deveria estar assim, não deveria existir esse peso, essa dor e eu chorava sem saber o motivo exato ou tudo era o motivo.

Ele me esperava em frente ao restaurante e eu tensa, ele iria conhecer minha nova casa, o primeiro a conhecer a minha nova casa. Ele me beijou como quem não se importava com o mundo (sempre fazia isso ou era eu que sempre tinha essa sensação?), me abraçava como quem não queria nunca soltar (tomando posse silenciosamente?), fiquei um pouco na ponta dos pés para me ajustar a ele. Nossa, seu beijo era bom e eu não me importava com o mundo. O jantar foi feito, ele diz ter adorado a comida, mas ainda sim briga comigo por eu continuar fumando e eu brigo com ele por roer as unhas. Brigas ridículas (como sempre tivemos), mas seus argumentos eram melhores que os meus, então perdi a discussão, assim como perdi na noite anterior onde ele foi a minha grande companhia mesmo estando por telefone e eu estava (estava?) tão desesperada que pedi demais, li o que não queria, não tive a resposta esperada (de novo). Mas como ele mesmo disse "Apenas começamos". 

Pela primeira vez me senti a vontade tanto para conversar quanto para estar com ele, era como se fizéssemos isso sempre, mas fazia tempo que não ficava só eu e ele, precisávamos disso (ou era somente eu?). Eu não me importei com a hora, estávamos na piscina, a água gelada e o vento da madrugada nos deixava com frio mas nenhum de nós ousou levantar, pois estava muito bom ali tão próxima dele. Sua negritude me encantava e o sorriso me inspirava, aqueles pequenos olhos de criança que olhavam carinhosamente, a pele macia e perfeita ao toque. Suas mãos passeavam pelo meu corpo em meio ao silêncio de nossas bocas grudadas uma a outra, pouca coisa era dita, por vezes me faltava ar e outras vezes minha mente se enchia de imagens e diálogos (nunca terei coragem de contar, a não ser que aconteça). 

Nos acomodamos no pequeno sofá de dois lugares e de repente, ali se tornou o melhor lugar para ficar. Não consigo me lembrar de um momento como esse com ele, um momento em que só existia a gente e que eu não tive que controlar o que sentia ou o que queria. Foi o momento em que disse e fiz exatamente o que eu queria, sem medo, com sinceridade! Aquela noite poderia durar pra sempre, assim como ele me perguntou se eu poderia ficar para sempre. Ele deixava escapar alguns desejos (desejos?) dele que me desconsertavam e ficava sem resposta, então saía de perto. Mas eu me declarava discretamente e quase que silenciosamente.

Mas ainda há muito o que ser descoberto entre nós, sobre nós e aprender a controlar o nosso lado possessivo. Ainda há muito o que ser descoberto, só espero que ele possa ainda segurar minha mão pela vida.




But I will find him sittin' on my doorstep
Waiting for the surprise
It will feel like he's been ther for hours
And I can tell that 
He'll be there for life